segunda-feira, 6 de julho de 2009

Ainda Bolonha…

Chama-se Processo de Bolonha porque deve o seu nome a declaração proferida na cidade Italiana, o seu principal objectivo era “tornar inteligíveis e comparáveis as formações ministradas no ensino superior nos diversos países que a subscreveram” (e foram muitos, 45!), para isso contaríamos com um sistema de graus académicos comparável e compatível, dois ciclos de estudo de pré-doutoramento, sistema de créditos e suplemento ao diploma.
Criava-se assim um ensino superior de “Dimensão Europeia”, coeso e competitivo, rigoroso, cooperativo e de grande mobilidade.
Metas, lirismos e politiquices a parte vemos que Bolonha não foi esse choque qualificador que todos esperávamos, mas é verdade que também não foi a caixa de Pandora que muitos apregoavam.
Talvez o processo tenha logo a nascença sido ferido de morte, sim, porque não no esqueçamos que o agora denominado Processo de Bolonha nasceu antes de 99, foi em 96, num encontro informal dos Ministros que tutelavam as pastas da Educação/Ensino Superior de Inglaterra, França e Alemanha.
Neste encontro a Pedagogia foi discutida com fundo Económico, procurava-se com a “exportação” de cérebros resolver determinadas carências nesses três países, por arrasto evoluiu, tanto em objectos como em medidas, digo, e repito, que isto o feriu a nascença.
No nosso país Bolonha teve um efeito que considero perverso, vejamos, quando devia reorganizar o processo formativo em torno de valores tão nobres, como as competências, um novo processo de aprendizagem, participação, envolvimento, autonomia. Etc., parece me sim que fundou um novo Ensino, de conteúdos informais (algo) desajustados, de envolvimento meramente participativo, ou seja fortalecimento da relação professor – aluno, de algum facilitismo, a criar estereótipos para com os exames, obrigacionista (um claro contra-senso, já que devia dar mais autonomia aos alunos) e sobrecarregado (pelas ditas avaliações mistas e continuas).
Mas parece-me que o problema vai muito para alem disto, parece-me que a grande “invenção” de Bolonha foi retirar um ou dois anos aos cursos de licenciatura que tínhamos ou transformar os antigos bacharelatos em licenciaturas e as licenciaturas em mestrados! Confuso? Sim, é verdade, mas prova disto mesmo é o que acontece com os diplomas quando traduzidos para Inglês, temos curso em que diz serem Licenciados/Bacharel, quando em Inglaterra, por exemplo, Degree e Bachelor tem conotações totalmente diferentes, contraditórias.
O que acontece então? Muitos diplomados portugueses são ultrapassados por meras questões burocráticas, lá se vai a hipótese de mobilidade…
Por outro lado ficou muito mal acautelada a situação dos diplomados pré-bolonha, com a questão dos ECTS não basta pedir revisão, á quem tenha de voltar a Universidade fazer alguns, pois a conversão das antigas cadeiras não lhe permite atingir os 195 ECTS necessários.
Estaremos na presença de licenciados de primeira e de segunda?
Talvez, só não sei quem é quem.
Por fim, vejo no mercado de trabalho um grande problema, não teve a devida adequação a Bolonha, temos Licenciados com 20-21 anos, alguns perfeitamente capazes, mas que o mercado não aceita, pela (alegada) inexperiência, imaturidade e não reconhecimento das competências académicas, assim, ficamos expostos a insegurança e precariedade!

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