terça-feira, 4 de agosto de 2009

Uma olhadela sobre o Sistema de Ensino Português, concretamente sobre a Organização do ensino superior

Olhando para a Lei de Bases do Sistema Educativo (Lei nº 46/86, de 14 de Outubro, posteriormente alterada, nalguns dos seus articulados pelas Leis nºs 115/97, de 19 de Setembro, e 49/2005, de 30 de Agosto, republicada e renumerada em anexo à última) que estabelece o quadro geral do sistema educativo temos lá descrito a Organização do ensino superior.

Sucintamente é lá mencionado que o Ensino Superior Português compreende o ensino universitário e o ensino politécnico.
O ensino universitário é ministrado em instituições universitárias públicas, particulares ou cooperativas e concordarias e o ensino politécnico em instituições de ensino superior não universitárias públicas e particulares e cooperativas.
Os estabelecimentos de ensino particular e cooperativo obtêm reconhecimento prévio do Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior.

Ora bem, numa abordagem concisa não estabelece grandes diferenças entre universidades e politécnicos, contudo elas existem e são por de mais evidentes!

Os Politécnicos foram criados com uma base regional, ou seja, destinavam-se a formação de mão-de-obra qualificada tendo em conta as necessidades das zonas em que se inseriam.

A realidade, nua e crua é esta, de resto era um modelo bem acertado, a semelhança de outros países, como Alemanha e Holanda, infelizmente no nosso pais isto não resultou convenientemente, os Politécnicos desejando mais do que o papel que lhe estava confinado perseguiram as atribuições dadas as Universidades, abriram Cursos, aumentaram vagas, e perderam toda a envolvência territorial, parece que vivem em regime de competição com as Universidades!

O que não é saudável! E vai, certamente, ter um mau fim, a desputa de alunos, fundos e postos de trabalhos vem enfraquecer o ensino, criar licenciados de primeira e segunda e seguramente entupir o mercado de trabalho em áreas que não são precisas.

É provável que mais ano menos ano se avance para uma solução tipo “inglês”, em que os Politécnicos sejam fundidos em Universidades, o que não me parece de todo descabido, desde que se tenha coragem para fechar aqueles que nada acrescentam.

Tudo isto para dizer que apesar dos disfarces dos vários Governos, entre apostas, programas, organigramas e acções está mas estruturado, desajustado e sobrevalorizado!

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Sensibilidade e Bom Senso

Já andaram pelo campus univeritário e, viram aquele tipo(a) cheio(a) de estilo que, vive num apartamento novo da zona chique da cidade, anda num carro novinho e que, veste aquelas roupas muito giras que viste na montra a semana passada. Já viram? Eu já vi! E, digi-vos que a probalibidade do "Sr./Srª Estilo" ser bolseiro é bem maior do que, se esperaria.
Este é o exemplo de muitas injustiças que se cometem no sistemas de acção social de muitas universidades e, a de Aveiro não é excepção.
E, agora vocês dizem: "Ah isso não é um problema do sistema mas, sim da população portuguesa que, insiste em viver do "chico espertismo"!" Não me permito contrariar-vos mas, o problema é a falta de sensibilidade e bom senso que muitos têm!
Porque o pensamento é: "Eu tenho dinheiro para pagar mas, deixa-me roubar a quem não tem!".
Duas coisas importantes a reter!
1ª- "Chico Espertismo" para adquirir bolsa é ROUBO. É tirar dinheiro àqueles alunos que não têm possibilidades para pagar os estudos. É sacrificar muitos pais que, já fazem tudo por tudo para que não falte nada aos filhos enquanto estudam!
Por isso, não venham cá com histórias que, o "chico espertismo" está na moda porque, isso é mesma coisa que Roubar! E, roubar é crime!
2ª Chico Espertismo é a desculpa para tudo mas, não são as pessoas que são espertas! O sistema é falha em algum momento originando um aproveitamento por parte de alguns por isso, o sistema deve atentar a estes problemas, não permitindo que exista falhas deste género.

Cabe-nos um função muito simples: lutar contra a falta de bom senso! Todos temos a nossa quota parte de responsabilidade porque, devemos denunciar estas injustiças. Se conhecemos um caso, devemos apresentá-lo porque, é o dinheiro dos impostos dos nossos pais (porque certamente os pais do Sr. Esperto não pagam os impostos) que, sustentam estes "pançudos" enquanto nós passamos dificuldades e, assistimos aos sacrificios diários dos nossos pais para manterem a sua integridade de modo a garantirem um futuro melhor aos seus filhos.

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Ainda Bolonha…

Chama-se Processo de Bolonha porque deve o seu nome a declaração proferida na cidade Italiana, o seu principal objectivo era “tornar inteligíveis e comparáveis as formações ministradas no ensino superior nos diversos países que a subscreveram” (e foram muitos, 45!), para isso contaríamos com um sistema de graus académicos comparável e compatível, dois ciclos de estudo de pré-doutoramento, sistema de créditos e suplemento ao diploma.
Criava-se assim um ensino superior de “Dimensão Europeia”, coeso e competitivo, rigoroso, cooperativo e de grande mobilidade.
Metas, lirismos e politiquices a parte vemos que Bolonha não foi esse choque qualificador que todos esperávamos, mas é verdade que também não foi a caixa de Pandora que muitos apregoavam.
Talvez o processo tenha logo a nascença sido ferido de morte, sim, porque não no esqueçamos que o agora denominado Processo de Bolonha nasceu antes de 99, foi em 96, num encontro informal dos Ministros que tutelavam as pastas da Educação/Ensino Superior de Inglaterra, França e Alemanha.
Neste encontro a Pedagogia foi discutida com fundo Económico, procurava-se com a “exportação” de cérebros resolver determinadas carências nesses três países, por arrasto evoluiu, tanto em objectos como em medidas, digo, e repito, que isto o feriu a nascença.
No nosso país Bolonha teve um efeito que considero perverso, vejamos, quando devia reorganizar o processo formativo em torno de valores tão nobres, como as competências, um novo processo de aprendizagem, participação, envolvimento, autonomia. Etc., parece me sim que fundou um novo Ensino, de conteúdos informais (algo) desajustados, de envolvimento meramente participativo, ou seja fortalecimento da relação professor – aluno, de algum facilitismo, a criar estereótipos para com os exames, obrigacionista (um claro contra-senso, já que devia dar mais autonomia aos alunos) e sobrecarregado (pelas ditas avaliações mistas e continuas).
Mas parece-me que o problema vai muito para alem disto, parece-me que a grande “invenção” de Bolonha foi retirar um ou dois anos aos cursos de licenciatura que tínhamos ou transformar os antigos bacharelatos em licenciaturas e as licenciaturas em mestrados! Confuso? Sim, é verdade, mas prova disto mesmo é o que acontece com os diplomas quando traduzidos para Inglês, temos curso em que diz serem Licenciados/Bacharel, quando em Inglaterra, por exemplo, Degree e Bachelor tem conotações totalmente diferentes, contraditórias.
O que acontece então? Muitos diplomados portugueses são ultrapassados por meras questões burocráticas, lá se vai a hipótese de mobilidade…
Por outro lado ficou muito mal acautelada a situação dos diplomados pré-bolonha, com a questão dos ECTS não basta pedir revisão, á quem tenha de voltar a Universidade fazer alguns, pois a conversão das antigas cadeiras não lhe permite atingir os 195 ECTS necessários.
Estaremos na presença de licenciados de primeira e de segunda?
Talvez, só não sei quem é quem.
Por fim, vejo no mercado de trabalho um grande problema, não teve a devida adequação a Bolonha, temos Licenciados com 20-21 anos, alguns perfeitamente capazes, mas que o mercado não aceita, pela (alegada) inexperiência, imaturidade e não reconhecimento das competências académicas, assim, ficamos expostos a insegurança e precariedade!

sexta-feira, 3 de julho de 2009

O (Grande) Processo de Bolonha

Quem não ouviu falar deste "monstro"? Não acredito que haja um aluno universitário neste país que, não tenho ouvido falar deste processo.
O modelo que pretende criar um "espaço europeu de ensino superior" tem como base uns ideais muito bons e que, certas universidades não têm sabido transpor para a prática.
A bela instituição da cidade de Aveiro não é excepção porque, a definição que fizeram deste processo foi: "Vamos lá, então reduzir anos nos cursos todos para despachar esta gente mais depressa!"
Autonomia, Espírito crítico, Auto-aprendizagem...Os grandes chavões do Processo de Bolonha! E, eu pergunto-me: "Onde é que eles estão?!?"
Em primeiro lugar, somos obrigados a ir às aulas fazendo-me pensar que, estamos novamente no secundário. Não me espanta, se daqui a uns tempos também já haja os benditos "livros de ponto" com fotografia e tudo.
As unidades curriculares são dadas numa autêntica maratona em que, os professores tentam a todo o custo enfiar-nos na cabeça as teorias dos principais autores e, nem querem saber a nossa opinião porque não há tempo e espaço para a abertura porque, temos 3/4 anos para concluir a licenciatura.
A avaliação contínua ou mista, fazem com que andemos "atolados" em trabalho porque, não podemos escolher a nossa avaliação. Então...fazes trabalhos a todas as cadeiras que é um mimo! E, com isto lá se vai a autonomia!
O grande problema dos trabalhos é que, temos de chegar às conclusões que os professores querem porque, se temos uma opinião que seja diferente...pimba...levas com um 10 ou 11 que, é para não te armares em esperto!
E, é nesta altura que vais à pauta e, vez pessoas que sabem muito menos do que tu com melhor nota...e, porque? Porque se limitaram a "escarrapachar" a visão de autores que já devem muitos anos à terra e, nem sequer questionam a actualidade dos assuntos. E, tu que apresentas uma visão actual, fundamentada e inovadora ficas com um amargo 11 e, já sabes...Para a próxima limita-te a citar autores...os professores gostam e, tens menos trabalho!

Com isto não quero dizer que, sou contra o Processo de Bolonha. Estou apenas contra maneira como este foi aplicado em algumas universidades!

Até Breve!

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Sobre uns certos exames…

E quando aquela nota, aquela, do exame mais exigente, com mais matéria, a quem dedicaram mais trabalho sai…e vai ao encontro das nossas expectativas?!
Óptimo!
Mas depois…uma analise mais cuidada mostra quem nem tudo é claro…o que seria uma boa nota é somente razoável quando a nossa volta todos parecem tirar o mesmo!
Quem sabia, quem não sabia, quem copiou, quem não copiou, quem estudou, quem só o fez de véspera…enfim, todos tiram notas, muito, muito semelhantes…
Já vos aconteceu?!
Grrrrrrr….que revolta….e se a isto lhe juntarmos um claro desrespeito pelo que foi assumido com os alunos, bem como uma total ausência de critérios….a não ser que o critério….seja a “Cara”! Assim, sim, faz todo o sentido! E está igualmente explicada uma política de arredondamentos…em que 3 decimas fazem subir mais um valor, mas 6 decimas já não fazem…nem todos são bonitos, da nisto…paciência!
Oh…mas é verdade, faz subir a media (ajuda vá…) a muito boa gente, e então passamos de alunos razoáveis a bons alunos, algo que certamente congratula docentes e instituições…mas inferioriza o país…afinal é mais um “Licenciado Disfuncional” que vai para o mercado de trabalho!
Ate mais;

P.S: E quando vão a uma secretaria, seja de Departamentos ou outra coisa qualquer e o “fantástico” funcionário que nos atende deve ter acabado de descobrir que é “dono” da instituição? Pronto, e em vez de trabalhar buscando objectivos claros de eficiência que passam pela resolução do que lhe colocamos passa a trabalhar em seu proveito, buscando protagonismo, auto-realização…

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Dissecando o Ensino Superior Português

É com lamentável e lastimoso pesar que, nos cabe a dura e cruel missão de informar que, o Ensino Superior Português faleceu. O pobrezinho sofria de uma doença prolongada chamada favoritismo que, tem vindo a enfraquecer as instituições nos últimos anos acabando por não conseguir resistir mais e, acabou por morrer.
Os resultados da autópsia são muito claros, o nosso Ensino havia praticado uma série de comportamentos desviantes que, acabaram por resultar neste triste resultado.
A falta de rigor académico e favoritismo são as principais causas da morte mas, a par destas existem mais tais como, as “cunhas”e a aniquilação do pensamento crítico, questionador e inovador que, contribui para a formação de profissionais sérios e competentes.
Os professores também têm a sua responsabilidade porque, não exercem com rigor e respeito as suas funções ao, favorecer alunos menos competentes e, descriminando outros que, são mais activos, participativos e críticos.
É penoso dizer que, com a morte do Ensino, o futuro do nosso país corre sérios riscos! Por isso, e como conclusão do relatório final da autópsia ao nosso Ensino ficam as recomendações de que, temos de acabar com a pré-formatação de mentalidades e, iniciar um novo ciclo mais saudável e inovador.